Um grupo de artistas, liderado pelos Massive Attack, anunciou esta quinta-feira, 17 de julho, a criação de uma aliança para proteger músicos que têm sido alvo de “campanhas agressivas e vexatórias” por se pronunciarem publicamente contra a ofensiva militar de Israel em Gaza.
A iniciativa foi revelada através de uma publicação conjunta no Instagram, subscrita por nomes como Brian Eno, Fontaines D.C. e Kneecap. No texto, os artistas explicam que o objetivo é oferecer apoio a colegas — especialmente os que estão em início de carreira — que têm sido “ameaçados ao ponto de ficarem em silêncio ou verem as suas carreiras canceladas” por grupos pró-Israel, como é o caso da organização UK Lawyers for Israel (UKLFI).
O caso mais recente envolve os Bob Vylan, reportados à polícia por gritarem “morte às IDF” durante a atuação no festival Glastonbury. A UKLFI também denunciou a transmissão do concerto à BBC. Desde então, a banda viu várias atuações serem canceladas.
Os Kneecap passaram por uma situação semelhante. Mo Chara, um dos membros do grupo, foi acusado de crimes relacionados com terrorismo depois de exibir uma bandeira ligada ao Hezbollah num concerto. Também a banda da Irlanda do Norte sofreu com o cancelamento de atuações após queixas da organização.
Os signatários da nova aliança explicam que o movimento não é apenas uma reação, mas uma forma de solidariedade ativa. “Já passámos por estas tentativas de censura. Não vamos permitir que outros artistas — sobretudo os mais vulneráveis — fiquem calados por medo”, pode ler-se na publicação.
Entre os objetivos estão a exigência de um cessar-fogo permanente, acesso imediato e livre à Faixa de Gaza por agências humanitárias e o fim da venda de armas britânicas a Israel.
Em comunicado enviado ao “The Guardian”, os Massive Attack explicam que este movimento pretende dar apoio a quem, apesar de viver um “genocídio em tempo real” através dos ecrãs, tem receio de falar por causa da pressão da indústria e das ameaças legais.