O que fazem dezenas de sapatos sem par, enfiados numa rede pendurada no teto de um bar? A bizarria tem, naturalmente, uma explicação e a história começa a contar-se, desde logo, pela cidade onde nasceu o Dulle Griet, em Ghent, na Bélgica.
É o tipo de bar que parece ter sido imaginado por alguém que coleciona bonecas antigas, tapeçarias e todo o tipo de bugigangas. Há madeira escura, bancos a ranger, uma carta com 500 cervejas e turistas a andar de um lado para o outro, quase sempre com pé descalço.
E quem por lá passa, vai quase sempre com a mira apontada à icónica cerveja da casa, a Max, servida apenas naquele local, num copo tão estranho e tão grande, que mais parece um instrumento de sopro. Tem quase um metro, é todo em vidro, em forma de ampulheta gigante, e está encaixado num suporte de madeira. Custa 14€ e carrega mais de um litro de cerveja.
A tradição dos sapatos surge precisamente por causa dos copos, habitualmente artesanais e valiosos — e vistos pelos turistas como o souvenir perfeito para levar para casa. O resultado? Um prejuízo enorme para os donos das cervejarias, que começaram a encontrar formas para desincentivar os roubos.
O Dulle Griet imaginou, então, que o calçado dos clientes poderia servir como depósito para que possam beber uma cerveja. Sobretudo para quem fica com este copo gigante nas mãos.
Quem pede uma Max, entrega um sapato como caução. Só o recebe de volta no fim, quando devolve o copo são e salvo. E não pense em fazer batota — o sapato é colocado numa rede que é içada até ao teto, onde fica à vista de todos.
“O cesto tornou-se numa atração, mas para nós continua a ser uma garantia, até porque os copos, que mandamos fazer especialmente para nós, são muito caros”, revelou ao “The Guardian” o dono do espaço, Alex Devriendt.
“Aceitamos todo o tipo de calçado, mas sabemos que as havaianas não são tão valiosas quanto o copo”, confessou à “Vice”, a quem confirmou que já viu muitos clientes abandonarem o espaço sem recolherem o calçado. Mas, até ver, ainda ninguém terá tentado entrar na cervejaria sem sapatos.
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