NiTletter
Cultura
NEW iN ROCKWATTLET'S ROCK

Televisão

A inesperada série francesa que tirou “Squid Game” do primeiro lugar da Netflix

A narrativa foi, de certa forma, inspirada no mediático caso de Gisèle Pelicot. A produção está a fazer sucesso mundialmente.

Desde a estreia, a 27 de junho, que “Squid Game” não saía do primeiro lugar do top da Netflix, em Portugal. No entanto, a série foi finalmente ultrapassada esta terça-feira, 15 de julho, não por uma grande produção de Hollywood, mas por “Sol Negro”, uma modesta obra francesa — que a nível mundial é a segunda mais vista.

A minissérie de seis episódios combina dramas familiares, revelações de segredos, uma investigação arriscada e mortes por esclarecer. Encaixa-se perfeitamente na lista de ficções curtas e cheias de suspense que têm feito sucesso na plataforma.

Criada e escrita por Nils-Antoine Sambuc, a obra conta com um elenco de peso, incluindo Ava Baya, Guillaume Gouix, Louise Coldefy, Thibault de Montalembert, Claire Romain, Nicolas Vaude, Simon Ehrlacher e Isabelle Adjani.

O thriller narra a história de Alba, uma jovem mãe em fuga com o filho, que encontra uma oportunidade inesperada ao ser contratada como apanhadora de flores numa prestigiada propriedade florícola em Grasse, na Provença.

Mas Arnaud Lasserre, o patriarca que liderava a exploração e se preparava para a vender, morre misteriosamente. A protagonista torna-se, de repente, a principal suspeita. À medida que as acusações se acumulam, faz uma descoberta inacreditável: o patrão deixou-lhe parte da propriedade em testamento.

Lucie e Mathieu, os dois outros filhos de Arnaud, bem como a sua mulher Béatrice, não compreendem esta decisão. Alba, que pode contar com o apoio de Manon, neta da vítima mortal, descobre então que está intimamente ligada a esta rica dinastia.

“A ideia era criar um thriller, um ‘Cluedo’, um whodunit, com referências amplas como ‘Scream’, Hitchcock ou ‘Lost'”, conta Nils-Antoine Sambuc à “Allociné”.

“Foi esse tipo de histórias que vi mais do que as sagas de verão de antigamente. A série tem reviravoltas constantes, histórias humanas muito fortes e um enredo que joga tanto com a emoção como com a vontade de surpreender constantemente o espectador”, diz.

A narrativa também foi inspirada por um dos casos mais mediáticos de França nos últimos tempos: o de Gisèle Pelicot que, durante anos, era drogada pelo marido e violada por outros homens. 

“Quando esta história começou a sair, senti um arrepio enorme no meu corpo. Não era a primeira vez que lia algo assim e sabemos que este tipo de histórias existe. Esta trama encaixa-se numa narrativa mais ampla, simbolizada pela heroína — que queríamos que fosse poderosa, frágil e imperfeita perante os seus adversários — sobre a relação entre dominadores e dominados”, acrescenta.

Em “Sol Negro”, todas as personagens femininas enfrentam algum tipo de violência e tentam libertar-se dela. Esta foi, na verdade, uma escolha consciente do argumentista para abordar temas atuais. “A ideia era pegar num género que muitas vezes está longe de qualquer realismo e trazê-lo para questões muito contemporâneas. A questão da violência contra as mulheres, das relações de poder, são temas em que vivemos mergulhados há algum tempo e que são extremamente interessantes. E sim, essas questões permearam a série.”

As histórias de diferentes mulheres que conheceu ao longo da sua vida foram concentradas principalmente em Alba, a protagonista que apenas quer salvar o filho, independentemente do que isso custe. “Ela é, em todos os sentidos, uma mulher aprisionada, tanto economicamente como psicologicamente. Muitas vão-se conseguir rever nela”, conclui.

Carregue na galeria para conhecer outras séries e temporadas que estreiam em julho nas plataformas de streaming e canais de televisão.

Áudio deste artigo

ARTIGOS RECOMENDADOS

ENTRETANTO EM