Gourmet e Vinhos

Guia essencial para saber quais são as castas da moda

Verdelho, Encruzado, Sauvignon Blanc e Syrah são algumas das castas mais procuradas nos supermercados.
Cada casta tem as suas peculiaridades.

Entre as centenas de regiões produtoras de vinho e castas diferentes, há sempre opções que casam melhor com o paladar de cada um. Isso pode acontecer com um vinho em particular ou uma casta específica, ou seja, uma variedade de uva. Esta relação de amor é sempre imprevisível. Até porque o clima e altitude impactam a maturação das uvas e as características que tanto gosta no vinho podem variar mesmo tratando-se da mesma casta.  

Confuso? Não se preocupe, a NiT explica melhor como tudo funciona através de exemplos das castas que têm sido um sucesso em Portugal.

A casta nacional disputada pelo Dão e o Douro

Quem gosta de um rosé ou vinho tinto exuberante aromático, com certeza que já se cruzou repetidamente com a Touriga Nacional. Esta é (possivelmente) a casta mais elogiada em Portugal e a fama não existe sem polémica. 

“Ela dá-nos, à partida, vinhos ricos em taninos e aromas onde se destaca a violeta”, explica a escanção e educadora de vinhos, Teresa Gomes.

As estatísticas do Instituto da Vinha e do Vinho demonstram que há quase o dobro de área de vinha desta casta no Douro, sendo a terceira mais plantada. No entanto, a variedade é considerada “a rainha” na região do Dão. Rivalidades à parte, a verdade é que, independentemente da região, esta é uma casta que dá bom vinho — encorpado e elegante, como é o caso do Quinta da Pedra Cavada Reserva Touriga Nacional DOC Douro Vinho Tinto (preço de venda ao público recomendado de 8,99€), que estagiou durante seis meses em barricas de carvalho francês.

“A guarda longa é também uma característica de destaque desta casta, visível nesta escolha que é perfeita para acompanhar pratos de carne vermelha, desde um simples bife do lombo grelhado a um assado com legumes da época”, acrescenta a especialista.

O Verdelho que consegue encontrar frescura e tropicalidade no Alentejo

O Albenaz Terraço Real Verdelho Premium Regional Alentejano Vinho Branco (preço de venda ao público recomendado de 14,99€) é elegante, complexo e intenso, num conjunto fresco com final persistente.

“Tudo porque fermentou em barricas de segundo ano de carvalho francês e húngaro. Finda a fermentação o vinho passou por um processo de “batonnage” (remeximento das borras finas) e estagiou nas mesmas barricas durante oito meses”, adianta Teresa Gomes.

O seu aroma tropical surge de frutas menos comuns em Portugal, como manga e maracujá. Sendo um branco fresco e com boa presença de boca, combina na perfeição com peixes no forno, pratos de carne branca e queijos de pasta mole.

Encruzado: de desconhecida a vedeta

A especialista em vinhos conta que a casta Encruzado é uma agradável surpresa. “Saiu do anonimato no final da primeira metade do século XX e hoje é uma das castas brancas preferidas de muitos consumidores de vinho”.

Esta é quase exclusiva do Dão e oferece vinhos com estrutura e poder de guarda. Logo, a acidez é também uma das suas outras qualidades. “Sem ser demasiada, é perfeita para combinar com pratos de bacalhau, polvo ou cabrito”.

O Pedra do Gato Encruzado DOC Dão Vinho Branco (preço de venda ao público recomendado de 12,99€) é prova disso. As notas cítricas estão presentes, a par de um volume combinado com uma acidez vibrante. O final de boca é longo e persistente.

Syrah: a casta internacional que faz sucesso em Portugal

A Syrah é a sexta casta mais plantada no mundo e é a quarta casta tinta mais plantada no Alentejo. Apesar de vir de fora, com raízes em França, obteve fama mediática com os vinhos provenientes da Austrália, onde responde pelo nome de Shiraz. Por cá, adaptou-se muito bem ao clima rigoroso do Alentejo, com verões quentes, forte insolação e pouca chuva.

“A sua adaptação, a par do resultado de dar um vinho complexo e fresco com notas de frutos pretos bem maduros, tornam-na consensual entre especialistas e consumidores. De cor intensa e rica em taninos, embora os vinhos desde jovens já estejam muitos prontos a beber, é ideal para harmonizar com carnes vermelhas”, explica Teresa Gomes.

Entre as opções monocasta de Syrah existentes, sugerimos o Tapada das Lebres Syrah Regional Alentejano Vinho Tinto (preço de venda ao público recomendado de 13,99€), de Arraiolos. De cor granada opaca, aromas a frutas pretas e especiarias, é um vinho com sabor intenso, taninos polidos e final prolongado. 

Merlot carrega a elegância e textura de Bordéus

A casta Merlot, de origem francesa, mais concretamente de Bordéus, dá-se bem em locais com clima moderado a quente e terrenos especialmente franco-arenosos. Daí que a sugestão vem da Península de Setúbal, em específico da zona interior, com clima mediterrânico e solo arenoso. 

Aromaticamente é fresco e perfumado, e no palato é de textura delicada com taninos finos e acidez refrescante.

O Vinha da Valentina Merlot Regional Península de Setúbal Vinho Tinto (preço de venda ao público recomendado de 9,99€) destaca-se pelas notas de frutos vermelhos maduros, algumas notas de especiarias, final fino e elegante. Tal como o Tapada das Lebres, é perfeito para servir a acompanhar carnes grelhadas ou em pratos de tacho tradicionais.

O equilíbrio da fruta e acidez do Sauvignon Blanc

“Também de Bordéus chega a casta que dá origem a vinho branco: a Sauvignon Blanc. Predominantemente de perfil “verde” (espargos, erva), ao qual se juntam notas de fruta fresca (melão, maçã), estes são exemplos de aromas que sobressaem na generalidade dos vinhos desta casta. O estilo penetrante, acídulo e seco também a distinguem de outras castas”, conta a escanção.

O Três Bagos Sauvignon Blanc Douro Vinho Branco (preço de venda ao público recomendado de 11,99€) é um exemplo do Douro que transparece estas características. A par do melão, sente-se o aroma fresco do ananás e de notas de fruta tropical mais madura. Os espargos podem também ser sentidos pelos mais atentos. A fruta madura acaba por ser um essencial em relação à acidez deste branco, que se apresenta fresco, frutado e equilibrado. O final é longo e persistente.

“Melhor apreciado com queijos de cabra de pasta mole, no prato ou em folhado do mesmo, acompanhando uma salada, temperada com um fio de mel”, completa Teresa Gomes.

Carregue na galeria para conhecer melhor todas as sugestões.

ver galeria

Áudio deste artigo

Este artigo foi escrito em parceria com o Continente.

ÚLTIMOS ARTIGOS DA NiT

AGENDA NiT