Foi entre as estreitas ruelas de Miragaia, já a um passo da Ribeira, que Miguel Rocha e Jorge Moreira encontraram o antigo espaço do Cometa, restaurante encerrado há cinco anos. A fachada icónica, cuidadosamente instalada numa pitoresca esquina, convenceu-os de que era o sítio ideal para lançarem o seu primeiro restaurante.
Esperaram mais de um ano até conseguirem inaugurar, em março, o Provável, o negócio que os motivou a colocarem de lado as profissões de designer gráfico e de gestor. A dupla de amigos, ambos na casa dos 30, não eram totais estranhos à restauração. Já haviam tido contacto com os rudimentos, aqui e ali, mas sem nunca se comprometerem totalmente. Até agora.
“Estava insatisfeito no meu emprego e fui ajudar um amigo no restaurante dele. E eu e o Miguel até já tínhamos falado em ter o nosso espaço. Acabámos por nos decidir a avançar”, explica Jorge à NiT. A eles juntou-se o chef Mário Moreira, que passou por casas bem conhecidas na cidade como o Mito ou o Almeja.
E o que se serviria no Provável? “Tínhamos uma ideia bastante clara do que queríamos”, nota Miguel. “Queríamos um restaurante que fosse para todos, que acompanhasse a sazonalidade dos produtos. Que tivesse um menu só para partilha, com muita portugalidade à mesa.”
Essa intenção traduziu-se numa lista de dez pratos “ricos, com cores, texturas e sabores”. Ideia que se reflete nas memórias do chef, com a recriação de um prato que comia quando era miúdo, e que deu origem a uma lula na brasa com mexilhão, molho de camarão e batata frita palha (18€).
O tártaro de gamba com pão brioche e molho XO (12€) revelou-se um sucesso imediato e acompanha outras opções como os croquetes de borrego com mostarda em pickle (8€), couve grelhada com puré de batata, pão frito e ovo (12€) raia com berbigão, molho de manteiga e ovas de truta (15€) ou um cachaço de porco com cuscus, groselhas e acelgas (18€).
A refeição termina com uma bifurcação: há apenas dois doces por onde escolher. Pode experimentar a fatia dourada com coalhada, kumquat e tofee de leitelho (6€) ou uma mousse de chocolate com nata fumada e azeite (5€). Tudo isto para provar na renovada antiga sala do Cometa, com atual capacidade para 30 pessoas, que se tornou mais leve, sem que se perdesse a traça existente, visível nos vitrais coloridos. “Foi mais um trabalho de restauro do que outra coisa”, nota Jorge Moreira.
Mantendo firme o conceito de menos quantidade, mais qualidade, a carta de bebidas saltita entre cocktails de assinatura como o Valéria (10€) com gin, espumante, St. Germain e sumo de lima ou a bebida de homenagem ao antigo Cometa (10€) com whisky, vermute, ginja, bitter e sumo de lima; e vinhos de baixa intervenção, também disponíveis a copo, sempre a 6€. A evolução da carta também é uma promessa e os dias quentes de verão vão dar origem a uma sangria de assinatura, feita com melancia e jalapeños.