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Nuno Feist comenta em tribunal o mediático vídeo dos Anjos: “Não houve desafinação”

O maestro foi uma das testemunhas dos irmãos Rosado, que estão a processar Joana Marques após a sátira da atuação no MotoGP do Algarve.

Em 2022, os Estados Unidos tiveram Johnny Depp contra Amber Heard. Três anos depois, Portugal assiste também a um julgamento mediático com figuras públicas, que opõe Anjos contra Joana Marques. Embora por motivos diferentes, a verdade é que ambos os casos suscitam a curiosidade e trazem revelações surpreendentes ao público.

O confronto entre a humorista e os cantores Sérgio e Nelson Rosado começou na terça-feira, 17 de junho, e continua esta quarta, dia 18, no Palácio da Justiça, em Lisboa. Desta vez, não serão ouvidos os artistas, nem a comediante (que ainda não falou em tribunal), mas sim as testemunhas.

Segundo o “Observador”, o primeiro a ser ouvido foi Nuno Feist, maestro e irmão de Henrique Feist, que garante que os cantores não desafinaram na mediática atuação de “A Portuguesa” no MotoGP de 2022. “Se o ritmo não foi alterado, se a harmonia não foi alterada e se harmonia encaixa, não posso dizer que houve desafinação”, comentou.

“Isto não são os Anjos que eu conheço”, disse o professor de música, que descreve o vídeo partilhado por Joana Marques como “catastrófico”. “Compreendo pelo vídeo a reação que as pessoas estão a ter, mas eu sei que não corresponde à verdade.”

Explica também que a letra, a melodia, o ritmo e a harmonia estavam corretos na interpretação do hino nacional e que o único problema surgiu devido a uma técnica do som a “lixar uma performance”.

“Se o som tivesse estado a 100 por cento, isto nunca teria acontecido. Eles não estiveram mal”, afirmou Feist.

Os comentários do músico foram apoiados por Sérgio Antunes, diretor técnico na Media Pro International, uma empresa de serviço de tecnologia para eventos sediada no Dubai.

“Foi uma transmissão desastrosa ao nível técnico. A mistura é muito pouco musical, harmónica, não faz nenhum sentido. Já para não dizer que houve erros de broadcast mesmo, um delay que houve, um loop que é bastante audível”, garante.

Sem medo, afirma mesmo que o vídeo foi “claramente montado para atingir um fim” que, neste caso, seria a “ridicularização” da dupla de irmãos. Embora tenha sido chamado para dar apenas o seu parecer técnico, decidiu mostrar também o que acha sobre o humor de Joana Marques — e afirma que “não devemos difundir e apoiar” piadas que vão prejudicar “pessoas numa situação frágil”.

Os primórdios do caso

O caso remonta a 2022. Na altura, Joana Marques partilhou um vídeo dos Anjos a cantarem o hino nacional, “A Portuguesa”, a que foi acrescentada, através de montagem, uma reação negativa do painel que compunha o júri do programa “Ídolos”, do qual a humorista fazia parte.

No final do vídeo é possível ouvir Tatanka (vocalista dos Black Mamba, outro dos jurados) afirmar: “Assassinar uma música destas, tive de mandar parar”. A legenda do post inclui apenas uma questão retórica: “Será que foi para isto que se fez o 25 de abril?”.

Os músicos, através da sua empresa, Angel Minds – Gestão e Promoção de Espetáculos Lda, exigem uma indemnização de aproximadamente 1,2 milhões de euros.

Quando os cantores interpretaram o hino nacional — antes de uma prova do Moto GP, no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, no dia 25 de abril  — foram alvo de críticas e de acusações de terem “arruinado” a canção. Em resposta aos insultos, afirmaram ter enfrentado “problemas técnicos”, referindo uma interferência sonora que provocou uma ilusão fonética nas palavras, adiantou o “Notícias ao Minuto”.

“É um processo que se encontra em tribunal, a sede apropriada para tratar destas situações. Lamentamos ter chegado a este ponto. É grave! Acredito que nos conhecem bem e sabem que não somos pessoas de vingança nem de discórdia. Contudo, foi algo que nos magoou muito, mexeu bastante connosco, assim como com a nossa equipa e as nossas famílias”, disse Nelson Rosado, um dos elementos, à “TV Mais”.

Os cantores enfatizaram que a questão não está relacionada com o programa “Extremamente Desagradável”, destacando que resultou da publicação nas redes sociais da humorista e teve “impacto altamente lesivo”. “É importante que as pessoas percebam, de uma vez por todas, que, com muita ou pouca visibilidade, no digital não podem escrever, dizer ou fazer tudo o que querem, nem magoar os outros. Isso é contra os nossos princípios, contra tudo aquilo que defendemos”, afirmou.

Antes de avançarem com o processo em junho, a dupla Anjos tentou obter um pedido de desculpas da humorista, mas sem sucesso, o que os levou a tomar essa decisão. “Fomos educados a respeitar o próximo. Somos pessoas de concórdia e não de discórdia. Não vivemos de escândalos nem queríamos que esta situação tivesse chegado a este ponto. Tentámos de tudo, tudo! Mas do outro lado encontrámos uma posição irredutível. Não tivemos outra alternativa“, conclui.

 
 
 
 
 
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