Restaurantes

Fratelli Brutti: a casa de conforto italiano com massas da avó e pizzas clássicas

O chef Bruno Carreras trocou Milão por Lisboa e abriu um espaço onde partilha sabores e memórias de família.
Um dos clássicos e mais pedidos.

No início dos anos 2000, Bruno Carreras foi o nome por detrás de uma mudança marcante na restauração milanesa. O chef marroquino, filho de mãe italiana e pai espanhol, decidiu abrir um restaurante onde servia vinhos naturais pouco usuais e um menu curto que mudava conforme a sazonalidade dos produtos.

Mais de 20 anos depois, e após passagens por espaços com estrelas Michelin e uma longa temporada na América do Sul, chega a Lisboa com a bagagem certa para criar um novo conceito. O Fratelli Brutti abriu portas no início de março.

Com apenas 30 lugares, o espaço reflete a experiência acumulada do chef. “Lisboa escolheu-me. Vim cá em negócios várias vezes, mas em 2023 decidi mudar-me permanentemente. Sempre acreditei que a cidade tinha potencial e, por isso, decidi abrir cá um restaurante onde pudesse enaltecer a qualidade dos produtos portugueses”, explica Bruno Carreras, de 58 anos.

Em vez de inventar um conceito complexo, trouxe consigo as receitas da avó, que vivia em Bari. “Antes de Puglia ficar trendy, as senhoras mais velhas faziam as massas na rua. Ali as focaccias tinham outro sabor e as pastas eram diferentes. Era isso que queria trazer para cá”, refere.

O nome do restaurante nasce de uma história napolitana sobre dois irmãos muito feios, mas simpáticos, que conquistavam toda a gente com a massa que faziam. Fratelli Brutti, ou irmãos feiosos, acabou por ser o nome de batismo do projeto na Rua da Boavista.

“Criámos um espaço onde conseguimos servir os pratos de forma rápida e a comida é protagonista. Para que os clientes possam conhecer mais sobre a cultura italiana, temos vinis só com música do país, que os clientes podem escolher para tocar. A ideia é que criem o seu próprio ambiente”, sublinha o chef.

Há vinis e cartazes espalhados pelo espaço.

O menu aposta nos clássicos italianos e foca-se na autenticidade dos sabores. Entre os destaques estão a lasanha (12€), feita em camadas com ragù de carne e bechamel cremoso, os camarões tigre (16€) com arroz Arborio e a burrata (12€) servida com salada de curgete e pistácio.

Também não faltam os favoritos da cozinha transalpina. A experiência pode começar com bruschetta de tomate cherry com alho, seguida de spaghetti alla carbonara (14€), preparado com queijo Pecorino Romano, guanciale e ovo. Para terminar, há tiramisù (7€) feito com savoiardi embebidos em café, creme de mascarpone e cacau. Há ainda uma seleção de pizzas, em tributo à tradição napolitana.

“A história da pizza como a conhecemos hoje começou no final do século XVIII como uma humilde comida de rua para os trabalhadores napolitanos, mas é em 1889, quando o padeiro Raffaele Esposito criou a pizza Margherita em homenagem à Rainha Margherita — as suas cores espelhando a bandeira italiana com tomate vermelho, mozzarella branca e manjericão verde, que a pizza mais famosa do mundo nasce. Hoje, esta herança continua viva na seleção de pizzas do Fratelli Brutti”, afiança Bruno Carreras.

A massa é feita com farinha italiana, sem adição de levedura e fermentada lentamente, o que resulta numa textura leve e aromática, com as bordas tradicionais. “Utilizamos exclusivamente tomates de San Marzano, respeitando a tradição italiana.”

“Não queremos ser uma pizzaria, mas não podíamos fugir às clássicas. Temos desde a clássica Margherita (10,50€) até à rica complexidade da 4 Formaggi (13€) com a sua mistura de mozzarella, pecorino, gorgonzola e ricotta”, acrescenta.

O Fratelli Brutti abre às 17 horas e, nas primeiras duas horas, há sempre happy hour. Negronis e outros cocktails clássicos podem ser pedidos a preço reduzido e acompanhados por arancini (5€) ou mozzarella in carrozza (7,50€) com tomate fresco.

Bruno Carreras sonha ver o Fratelli Brutti tornar-se o local de conforto para os lisboetas. A ambição passa por ampliar o espaço e começar a fazer a massa à mão, como aprendeu com a avó. “As minhas primeiras memórias na cozinha são com a minha nonna — as suas mãos cobertas de farinha, a ensinar-me os segredos para fazer a massa perfeita enquanto Raffaella Carrà tocava na rádio. Aqui, além de servir comida, também partilho as minhas memórias, para que outros possam criar as suas”, conclui.

O tiramisù é feito seguindo as regras das nonnas.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua da Boavista 86
    1200-109  Lisboa
  • HORÁRIO
  • Segunda a domingo das 17h às 00h
PREÇO MÉDIO
Entre 20€ e 30€
TIPO DE COMIDA
Italiana

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