O dengue é um dos vírus mais comuns nas regiões tropicais do mundo, causa hemorragias e pode ser fatal. A boa notícia — anunciada esta segunda-feira, 22 de maio, pelo presidente do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) — é que Portugal tem uma nova vacina contra esta patologia viral.
Filomeno Fortes garante que tem 80 por cento de eficácia contra várias estripes do mosquito, não exige contacto prévio com o vírus, combate a doença e ajuda a prevenir hospitalizações até quatro anos e meio após a vacinação.
Até à semana passada, quem ainda não tivesse tido contacto com o vírus e fosse viajar para zonas onde a doença é endémica, a única forma de prevenir a doença era recomendar o uso de repelente e de roupa com mangas compridas, para evitar a picada do mosquito. A única vacina disponível em Portugal até então, só podia ser administrada em quem já tivesse tido contacto com o vírus.
O novo fármaco, comercializado pela empresa biofarmacêutica japonesa Takeda, foi aprovado em dezembro pelo Infarmed, é, segundo o presidente do IHMT, uma esperança no combate para aquela que é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das 10 principais ameaças globais à saúde pública.
A nova vacina— que protege contra todos os tipos de dengue — apresenta “uma eficácia de 80 por cento aos 12 meses” e, quanto à prevenção de internamentos, a eficácia é de 90,4 por cento, explicou o responsável pelo IHMT, aqui citado pela SIC Notícias.
Filomeno Fortes adianta também que o fármaco é “completamente eficaz” no que se refere à variante 2 de dengue: “Com as duas doses, a probabilidade de desenvolver mesmo sintomas ligeiros é nula.” Em relação aos outros serotipos (1, 3 e 4), quem for vacinado pode desenvolver “um quadro muito leve da doença”.
O responsável do IHMT insiste ainda na necessidade de aumentar a literacia relativamente à doença, lembrando tanto a população como os profissionais de saúde que os sintomas podem ser inicialmente confundidos com os de uma gripe.
“São quadros típicos em que a pessoa chega com febre, com dores no corpo, com arrepios, frio e a tendência é dizer que é uma gripe. Quando se pede os exames, como não se pede exatamente a nenhum destes três exames, o teste vem dizer que está tudo bem, que deve ser uma gripe.”
Em casos confirmados, é preciso agir com urgência. A infeção por dengue, por exemplo, pode provocar a falência de vários órgãos, mas como se trata de uma falência muito específica, “os médicos intensivistas têm de saber quais são as medidas imediatas”. “Estes doentes são salvos, normalmente, nas primeiras 24 a 48 horas.”
Filomento Fortes, presidente do IHMT, pede ainda que se apertem a vigilância e as medidas de controlo, sobretudo onde o mosquito aedes albopictus (em território continental) e o aedes aegypti (na Madeira) já foram detetados.