Quando recebeu o convite para ficar com o restaurante onde trabalhava, Bruno Silva recusou. E passou as duas semanas seguintes sem dormir, por ter recusado o sonho de uma vida.
O gestor do Farm Village acabou por mudar de ideias e decidiu ser ele a tentar salvar o projeto do encerramento definitivo. A ligação emocional pesou, pôs mãos à obra e reimaginou o negócio, sob o nome de Farm Village Into The Wild, onde se servem alguns dos primeiros smash burgers do Algarve.
“As melhores oportunidades surgem quando menos se espera. Isto era algo que me diziam, mas no qual eu não pensava muito. Quando fui confrontado com a proposta de ficar com este restaurante, recusei. Mas depois estava a custar-me imenso ver o espaço que me deu tanto, fechar. Decidi ficar com ele e cumprir o sonho”, contou à NiT.
Bruno começou a trabalhar aos 15 anos no restaurante Mato à Vista, durante as férias de verão. Desde então, nunca mais largou a restauração, mesmo quando decidiu estudar Comunicação na faculdade. “A minha ideia era conseguir conciliar as duas áreas. E quando me tornei gerente de um espaço, senti que alcancei esse objetivo”, afirma.
O novo Farm Village apresenta-se como um refúgio onde os clientes podem relaxar num ambiente descontraído. A carta, criada pelo chef Leonardo Melo, combina tapas, petiscos e pratos de convívio com uma das tendências mais populares do momento: os smash burgers. Bruno ouviu falar deste tipo de hambúrgueres e percebeu que ainda não havia grande oferta no Algarve — e decidiu apostar neles.
“Já servia hambúrgueres no antigo espaço, mas quando mudámos quis trazer algo diferente. Comecei a ouvir falar sobre os hambúrgueres esmagados e como percebi que aqui no Algarve ainda não havia essa tendência, decidi testar para marcar a diferença”, explica.
Fez vários testes até dominar a técnica. O segredo está na forma de confeção: a carne é esmagada com uma prensa própria para maximizar o contacto com a chapa quente, o que intensifica o sabor e cria uma crosta dourada e crocante graças à reação de Maillard.
O chef preparou duas versões: a Wild n’Classy (13€), com duas carnes, cheddar, molho wild e pickles; e a Smash Brie (16€), com queijo brie e cebola caramelizada. Como quer que o espaço seja acessível a todos, criaram também uma versão personalizável: parte-se de uma base com bolo de caco artesanal ou pão brioche e carne bovina (6€), à qual se podem juntar nove molhos e vários extras.

Quem prefere os sabores clássicos encontra três opções: o Wild Chicken (11€), feito com filé de frango e cebola caramelizada; o Wild Beast (12€), com secretos de porco preto em bolo de caco; e o Wild Green (14€), pensado para vegetarianos.
Além dos hambúrgueres, servem-se tapas como o croquete de presunto ibérico e um mini hambúrguer de lula, em pão de tinta de choco. “Vamos buscar as lulas frescas ao mercado, limpamos e cortamos de forma a que um dos dois hambúrgueres que vão para a mesa tenham a cabeça numa parte e tentáculos noutra. Depois são barradas com um molho de alho e lima que dá um toque fresco”, descreve Bruno.
O restaurante tem capacidade para 40 pessoas e um bar de grandes dimensões onde se criam cocktails de autor. O mais pedido é o Wild Mule (8€), uma variação do clássico Moscow Mule com vodka, infusão de camomila e gengibre, sumo de limão, xarope de açúcar e ginger beer. Há ainda o Into the Wild (9€), uma proposta surpresa que muda todas as semanas, além de sangria de espumante (17,50€) e versões branca e tinta (15€).
O espaço, agora renovado, mantém o espírito descontraído mas ganhou uma estética mais ousada. “Queríamos criar um espaço descontraído, diferente e divertido. Por isso, quando fiquei com o restaurante trocamos as paredes bastante coloridas por um verde menta e optámos por cadeiras com estampado de zebra e outros detalhes mais selvagens para que o espaço tivesse uma personalidade muito própria”, resume.