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Metade da comida de rua em Lisboa não cumpre normas de higiene

Investigadores alertam para riscos na preparação e conservação de alimentos vendidos em roulottes e bancas.

Um novo estudo conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) veio lançar um alerta preocupante: 43 por cento da comida de rua vendida na região de Lisboa apresenta níveis de qualidade microbiológica considerados “insatisfatórios”. Mais: segundo a investigação, 2,6 por cento das amostras recolhidas e analisadas foram classificadas como potencialmente perigosas para a saúde pública.

A informação foi revelada esta quinta-feira, 27 de junho, pelo “Jornal de Notícias”. A investigação centrou-se em comida pronta a consumir produzida por vendedores ambulantes em sete zonas distintas do distrito de Lisboa, entre março de 2019 e dezembro de 2022. No total, foram recolhidas 118 amostras únicas em 39 pontos de venda.

As amostras abrangem um leque variado de alimentos — de rissóis e chamuças a croissants, hambúrgueres, saladas, sanduíches com vegetais frescos, sushi, fruta e sumos naturais. Destas, 51 (43,2 por cento) foram avaliadas como não satisfatórias e três (2,6 por cento) consideradas perigosas. Só 35 (29,7 por cento) obtiveram avaliação satisfatória. Outras 29 (24,6 por cento) ficaram num limbo: a qualidade foi considerada questionável.

Entre as falhas mais comuns apontadas pelos investigadores estão a lavagem deficiente de vegetais crus, o armazenamento a temperaturas impróprias e o tempo excessivo de exposição dos alimentos. As três amostras consideradas perigosas para a saúde eram todas de coxinhas de frango — aparentemente bem fritas, mas cujo interior nem sempre atinge a temperatura necessária para eliminar todos os microrganismos. Como o produto requer bastante manipulação durante a preparação, o risco agrava-se.

Em termos de contaminação, o cenário também não é animador. Em 14,4 por cento das amostras detetou-se presença de Escherichia coli acima dos valores de referência. E em 26,2 por cento, apareceu Staphylococcus aureus coagulase positiva — dois indicadores clássicos de falhas na higiene durante a preparação ou manipulação dos alimentos.

Face aos resultados, os autores do estudo recomendam que se invista mais na formação dos operadores de street food e que sejam implementados sistemas de autocontrolo mais eficazes. Defendem também a criação de programas de vigilância contínua que ajudem a garantir o cumprimento das normas de higiene e segurança alimentar no setor.

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